Magia das Lendas

 

LENDAS são narrativas fantasiosas transmitidas pela tradição oral através dos tempos e que têm como objetivo explicar alguns dos mistérios que fazem parte do nosso universo real.

Normalmente são reproduzidas oralmente de geração a geração, misturando história e fantasia e claro, como bem sabemos, graças à imaginação de seus diferentes narradores vão se modificando à medida que são contadas. No início, as lendas contavam apenas histórias de santos, mas depois passaram a tratar de acontecimentos relacionados à cultura e tradição de um povo, tendo assim, locais, tempo e personagens bem específicos para provar que realmente eram reais.

Como diz o dito popular "Quem conta um conto aumenta um ponto", as lendas, pelo facto de serem repassadas oralmente de geração a geração, sofrem alterações à medida que vão sendo recontadas.

Não é por acaso que a lenda raramente começa, tal como o conto, com a fórmula “era uma vez” – uma fórmula que nos remete, desde logo, para um passado e um lugar longínquos e indefinidos. Cada comunidade procura sempre conservar as suas lendas, pois o povo, através delas, conta também a sua história.

A origem das lendas é baseada em quatro teorias que tenta dar uma resposta. A Teoria Bíblica, com origem nas escrituras, Histórica com origem na mitologia, Alegórica onde diz que todos os mitos são simbólicos, contendo somente alguma verdade moral ou filosófica e Física usa os elementos, água, fogo e ar.

 


A Lenda do Pulo do Lobo

 

Para início de trabalhos, deixo o link onde é possível ouvir uma lenda da minha terra - "A lenda do pulo do lobo".

Um reconto envolvente que nos remete ao mundo mágico das lendas.

https://historias.dge.mec.pt/2010/06/25/a-lenda-do-pulo-do-lobo/

Vera Lourenço


Olá eu sou a Fernanda, nasci na linda aldeia de Santo Estêvão, concelho de Benavente.

"A Lenda da Cobra"

Na minha terra natal também esta lenda passa de geração em geração.

 

 


Sou a Ana Cristina, e vou aqui retratar uma das Lendas do meu concelho, que quase todos conhecem - Palmela

Lenda em torno da Ermida de S. Brás - Palmela

A Ermida de S. Brás já não existe há muitos anos, está reduzida a uns restos de parede. aquelas pedras subrepostas, com outras acasteladas, foram a tal capelinha que teve a inaugurá-la o rei-poeta D.Dinis e sete bispos portugueses.

Naqueles tempos antigos, os mouros aprisionaram um dos mais prestigiados fidalgos de Palmela, o Conde Alberto, e levaram-no para os seus territórios no Norte de África. E aí tudo fizeram para o humilhar, mantendo-o preso com grilhetas à mó de um moinho, obrigando-o a fazê-la rodar . Porém, em Palmela o Conde, a esposa e a filha, que viviam na angústia do que lhe estaria a acontecer. E um dia, a jovem, acompanhada da sua mãe, em situação desesperada, dirigiu-se à ermida de S. Brás e suplicando, lançou-se aos pés de Nossa Senhora das Graças. Natural e docemente, suplicou pela triste sorte do pai. E então viu algo de surpreendente. A imagem da senhora inclinava a cabeça e parecia sorrir, como disposta a atender a prece. Passado breve tempo, um caçador passou por perto da Ermida e deu de caras com o Conde Alberto, este ainda preso por um cadeado de ferro atado a uma pesada mó. aproximou-se dele e escutou a sua singular aventura. pois contou-lhe o fidalgo que como sempre, adormecera na mourama naquela posição e em sonhos lhe pareceu Santa Susana, segurando-o pela mão, levando-o à vista de Nossa Senhora, para lhe agradecer pois ia ser libertado. E ao acordar verificou que se encontrava já em terras de Palmela e ao pé da Ermida de S.Brás. Não tardou a aparecer por ali muito povo a libertar o fidalgo, fazendo uma rija festa. A família abraçada foi agradecer à Nossa Senhora das Graças e a Santa Susana a libertação do Conde Alberto. E dizia-se lá atrás que na sacristia da Ermida estava alguma coisa. Pois era a mó e a grilheta. E a pedra havia sido colocada em pé, levemente inclinada, para quem quisesse meter a cabeça no buraco do meio. 

Corria que quem assim o fizesse se libertava de males na cabeça.

Fotos de Palmela

Fotos de Palmela
Ana Cristina

 Lenda de S.Martinho

Como ainda estamos na época das castanhas e o verão de S.Martinho ainda anda por aí, deixo aqui a lenda de S. Martinho para ser vista pelos nossos alunos e também para  ser dramatizada por eles.

 

lenda_de_s._martinho.ppt (3,8 MB)

Depois da Lenda ser trabalhada em sala de aula, os alunos elaboraram uma banda desenhada da Lenda de S.Martinho.

 

 

 

Ana Cristina

 

Lenda do coelho da Páscoa

Apresento aqui mais uma lenda, esta  para ser trabalhada na época da Páscoa, pelos nossos alunos em sala de aula.

 

                                                                                                

 A lenda do Coelho da Páscoa

Perto da casa do menino Jesus, um passarinho construiu seu ninho. Todas as manhãs, Jesus era acordado pelo alegre e bom canto da avezinha. Certa manhã, porém, ele foi acordado pelo piar aflito do passarinho. Jesus espiou e viu que a mamãe passarinho chorava desconsolada, pois a raposa havia roubado os seus ovinhos. O menino Jesus ficou triste e saiu pelo campo, pedindo aos bichos que passavam que o ajudassem a encontrar os ovinhos roubados. Gatinho, você quer me ajudar a encontrar os ovos da mãe passarinho? Não posso Jesus. Minha dona me encarregou de caçar um rato que sempre rouba queijo todas as noites. Assim Jesus foi se dirigindo aos animais, mas era inútil. Todos estavam ocupados. O cão cuidava da casa. A formiga trabalhava apressadamente. O grilo estava cansado de pular de galho em galho. Nenhum bicho podia ajudar Jesus. Foi então que o coelho colocou as orelhas para fora da toca e disse: Jesus, se você quiser, eu posso te ajudar. E saiu correndo até encontrar o esconderijo da raposa. Mas que pena. Ela já havia comido todos os ovinhos. O coelho com pena do passarinho e querendo agradar a Jesus, resolveu pedir um ovinho para cada um dos passarinhos que conhecia e levou a Jesus. O menino Jesus colocou os ovinhos no ninho da mamãe passarinho, que nem desconfiou de nada. Como recompensa, o coelhinho foi encarregado por Jesus, de todos os anos, na Páscoa, distribuir ovinhos para as crianças. 
 

Ana Cristina


A Lenda das Amendoeiras em Flor

 

Abordar o tema das lendas passa imprescindivelmente pela consulta da coleção do Jorna Expresso "Lendas de Portugal".

Deixo o link que permite o acesso ao registo audio da "Lenda das Amendoeiras em Flor", uma das minhas lendas favoritas.

docs.google.com/open?id=0B6KavPeKZjuhMENlNEJveUpzSEU

 

Vera Lourenço


Lenda da Sopa da Pedra

 

www.slideshare.net/liofer21/lenda-da-sopa-de-pedra

 

Como boa ribatejana contei aos meus alunos a Lenda da Sopa da Pedra, de Almeirim, uma região portuguesa muito famosa por este prato típico.

 

rose-w.gif (3736 bytes)Este trabalho teve a colaboração da colega Mónica Sousa, professora bibliotecária.

 

Fernanda Caetano

 


Lenda da cidade de Évora

                                                                                      Geraldo Geraldes, O Sem Pavor

Em 1166, no tempo em que Évora ainda era a “Yeborath” árabe, D. Afonso Henriques desejava a cidade como ponto estratégico da reconquista de Portugal aos Mouros. Por esse motivo pediu a Geraldo Geraldes, um homem de origem nobre que vivia à margem da lei e que era chefe de um grupo de bandidos, que lhe conquistasse a cidade. Geraldo Geraldes, conhecido por O Sem Pavor, concordou conquistar Évora e em recompensa receber a sua honra e o perdão para os seus homens.

Disfarçado de trovador (poeta) rondou a cidade e traçou a sua estratégia de ataque ao castelo que era vigiado por um velho mouro e pela sua filha.

Numa noite, o Sem Pavor subiu sozinho à torre e matou os dois mouros, apoderando-se em silêncio da cidade, de seguida, chamou os seus homens e atacou-a.

No dia seguinte, D. Afonso Henriques recebeu, surpreendido, a grande novidade e tão feliz ficou que doou a Geraldo Geraldes as chaves da cidade, nomeando- o alcaide de Évora.

Ainda hoje, a cidade ostenta no seu brasão, a figura heróica de Geraldo Geraldes e das duas cabeças dos mouros, para além de lhe dedicar a praça mais emblemática de Évora – Praça do Giraldo.

 

 

 Isabel Aço
  


                  Praça do Giraldo    

Isabel Aço   


       

     A  Lenda do galo de Barcelos

A lenda do Galo de Barcelos narra a intervenção milagrosa de um galo morto na prova da inocência de um homem erradamente acusado. Está associada ao cruzeiro seiscentista que faz parte do espólio do Museu Arqueológico, situado no Paço dos Condes de Barcelos.

Segundo a lenda, os habitantes de Barcelos andavam alarmados com um crime, do qual ainda não se tinha descoberto o criminoso que o cometera. Certo dia, apareceu um galego que se tornou suspeito. As autoridades resolveram prendê-lo, apesar dos seus juramentos de inocência, que estava apenas de passagem em peregrinação a Santiago de Compostela, em cumprimento duma promessa.

Condenado à forca, o homem pediu que o levassem à presença do juiz que o condenara. Concedida a autorização, levaram-no à residência do magistrado, que nesse momento se banqueteava com alguns amigos. O galego voltou a afirmar a sua inocência e, perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo assado que estava sobre a mesa e exclamou: "É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem."

O juiz empurrou o prato para o lado e ignorou o apelo, mas quando o peregrino estava a ser enforcado, o galo assado ergueu-se na mesa e cantou. Compreendendo o seu erro, o juiz correu para a forca e descobriu que o galego se salvara graças a um nó mal feito. O homem foi imediatamente solto e mandado em paz.

Alguns anos mais tarde, o galego teria voltado a Barcelos para esculpir o Cruzeiro do Senhor do Galo em louvor à Virgem Maria e a São Tiago, monumento que se encontra no Museu Arqueológico de Barcelos. Este também é representado pelo artesanato minhoto, geralmente de barro, conhecida por galo de Barcelos e um dos símbolos de Portugal.

Isabel Aço


 
                                                
 
                                                                                            
                                                                                
                                

                A LENDA do MILAGRE das ROSAS       

 
Esta é uma das mais conhecidas lendas portuguesas que enaltece a bondade da rainha D. Isabel para com todos os seus súbditos, a quem levava esmolas e palavras de consolo.

Conta a história que um nobre despeitado informou o rei D. Dinis que a rainha gastava demais nas obras das igrejas, doações a conventos, esmolas e outras acções de caridade e convenceu-o a por fim a estes excessos.

O rei decidiu surpreender a rainha numa manhã em que esta se dirigia com o seu séquito às obras de Santa Clara e à distribuição habitual de esmolas e reparou que ela procurava disfarçar o que levava no regaço.

Interrogada por D. Dinis, a rainha informou que ia ornamentar os altares do mosteiro ao que o rei insistiu que tinha sido informado que a rainha tinha desobedecido às suas proibições, levando dinheiro aos pobres.

De repente e mais confiante D. Isabel respondeu:

- "Enganais-vos, Real Senhor. O que levo no meu regaço são rosas..."

O rei irritado acusou-a de estar a mentir: como poderia ela ter rosas em Janeiro?

Obrigou-a, então, a revelar o conteúdo do regaço. A rainha Isabel mostrou perante os olhos espantados de todos o belíssimo ramo de rosas que guardava sob o manto.

O rei ficou sem palavras, convencido que estava perante um fenómeno sobrenatural e acabou por pedir perdão à rainha que prosseguiu na sua intenção de ir levar as esmolas.

A notícia do milagre correu a cidade de Coimbra e o povo proclamou santa a rainha Isabel de Portugal.
 
Isabel Aço

 


Lenda de D. Sebastião


Há muitos, muitos anos atrás houve uma batalha chamada Alcácer-Quibir.
Nesse tempo havia um Rei chamado D.Sebastião que reinava em Portugal.
O D. Sebastião não se podia negar de ir a essa batalha.
Juntou a sua tropa preparada para tudo.
O Rei D. Sebastião deu o sinal de fogo e os soldados correram.
Sangue derramava nas suas espadas, caiam no chão cobertos de sangue.
Era uma manhã coberta de nevoeiro, a tropa de Portugal venceu mas o Rei D. Sebastião tinha desaparecido.
As pessoas sabiam que ele tinha desaparecido mas não sabiam como ele desapareceu.
Pensaram que como essa manhã estava nevoeiro que ele voltava a aparecer um dia.

 

 

Aqui está a música que tão bem descreve esta Lenda.

Miniatura

El Rei D. Sebastião - José Cid/Quarteto 1111

www.youtube.com/watch?v=ETUlTvmBwiI

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Fernanda Caetano

 


 

Li e mostrei esta lenda aos meus alunos na sala de aula. Gostaram imenso da lenda e souberam tirar a moral dela.

Lenda do Pedro e o Lobo

O Pedro era um pastor. O seu trabalho era tomar conta das ovelhas enquanto pastavam. Mas por vezes ficava aborrecido por estar sozinho, sem ninguém com quem brincar e falar.

Um dia resolveu fazer uma brincadeira para se divertir.

Desatou a gritar:

- Lobo, lobo, socorro, está aqui um lobo!

Os fazendeiros que ouviram a gritaria desataram a correr para ajudar o Pedro a afugentar o lobo, mas quando chegaram lá não havia lobo nenhum.

O Pedro fartou-se de rir mas os fazendeiros não acharam piada nenhuma à brincadeira e foram-se embora.

No outro dia o Pedro resolveu fazer o mesmo.

Desatou a gritar: 

- Lobo, lobo, socorro, está aqui um lobo!

Os fazendeiros correram para ajudar o Pedro, mas não havia lobo nenhum. O Pedro desatou a rir mas os fazendeiros ficaram zangados e disseram: - Este miúdo pensa que não temos mais nada que fazer! e foram-se embora.

Passados uns dias os fazendeiros ouviram o Pedro a gritar: 

- Lobo, lobo, socorro, está aqui um lobo! 

E disseram uns aos outros: 

- Não nos vamos deixar enganar. Hoje ficamos aqui.

O Pedro continuou a gritar porque desta vez era mesmo um lobo que lhe estava a matar as ovelhas. 

- Porque é que ninguém me ajudou? - perguntou o Pedro a chorar. Agora fiquei sem ovelhas.

Não te ajudamos porque pensávamos que era mais uma brincadeira - responderam os fazendeiros.

 

 

Ana Cristina


A Lenda da Lagoa das Sete Cidades - Açores

 

Conta a lenda que o arquipélago dos Açores é o que hoje resta de uma ilha maravilhosa e estranha onde vivia um rei possuidor de um grande tesouro e uma imensa tristeza por não ter um filho que lhe sucedesse no trono.

Esta dor tornava-o amargo com a sua rainha estéril e cruel com o seu povo. Mas uma noite perante os seus olhos desceu uma estrela muito brilhante dos céus que aos poucos se foi materializando numa mulher de beleza irreal envolta em luz prateada.

Com uma voz que mais parecia música essa mulher prometeu-lhe uma filha bela como o sol sob a condição que o rei expiasse a sua crueldade e injustiça através da paciência. O rei teria que construir um palácio rodeado por sete cidades cercadas por muralhas de bronze que ninguém poderia transpor. A princesinha ficaria aí guardada durante trinta anos longe dos olhos e do carinho do rei. O rei aceitou o desafio. Decorreram 28 anos e com eles cresceram a impaciência e o sofrimento do rei, que um dia não aguentou mais.

Apesar de ter sido avisado que morreria e que o seu reino seria destruído, o rei dirigiu-se às muralhas, desembainhou a espada e nelas descarregou a sua fúria. A terra estremeceu num ruído terrível e das suas entranhas saíram línguas de fogo enquanto que o mar se levantou sobre a terra e a engoliu.

No fim de tudo, restaram apenas as nove ilhas dos Açores e o palácio da princesa, transformado agora na Lagoa das Sete Cidades dividida em duas lagoas: uma verde como o vestido da princesa e a outra azul da cor dos seus sapatos.

   

 

Isabel Aço

 

 

 

 


Esta lenda foi apresentada por uma aluna.

Fala da tão bem conhecida Praia da Rocha - Portimão.

Lenda da Praia da Rocha

Uma Sereia chegou um dia ao Algarve, não se sabe bem de onde. Instalou-se à beira-mar, descansando de uma jornada que deve ter sido longa e fatigante.
Um Pescador que por ali andava na sua faina viu-a, e admirado com aquela intrusão nos seus domínios, aproximou-se e disse:
- Não sei donde vieste, mas devo informar-te de que tudo isto que vês é meu. Foi o Mar que criou este sítio e eu sou filho do Mar!
Sorriu a Sereia de tal maneira que prendeu o Pescador, respondendo-lhe:
- Venho de longe, Pescador, de muito longe. Aportei aqui depois de muito procurar, e tanto sossego achei que quero ficar.
- Como te chamas? Quem és? - quis saber o filho do Mar.

- Não tenho nome, Pescador. Sou apenas o que sou, Sereia.
- Bem-vinda sejas então, Sereia, a este local que já é teu!
Foi então que, de longe, se fez ouvir uma voz agreste e rude:
- Não dês o que não é teu, Pescador! Esta terra é minha, foi a montanha que a criou! Eu sou o filho da Serra e tudo o que vês me pertence!
- Assim sendo, Serrano - susurrou a sereia - talvez sejas tu o fim da minha jornada.
- Deixa-o falar, Sereia! Que pode ele e a sua Serra contra o poder de meu pai, contra as ondas sem dono!...
- Ah, ah, ah! - riu o serrano - Tenta tu subir à Serra! Que poderão as tuas ondas contra a robustez que herdei da minha mãe. Mais poderoso sou eu, que quando quiser, posso criar montanhas dentro do Mar!
Parecia iminente a luta entre os dois gigantes; procurava o Mar acalmar as suas ondas, que cresciam e engrossavam; toldava-se a Serra, agitando as urzes e os pinheiros. Deleitava-se a Sereia com a violência do amor que neles via crescer, mas disse-lhes:
- Não se zanguem! Eu vou esperar aqui que me tragam provas das vossas forças. Mas agora ide, estou cansada e quero repousar!
Lentamente afastaram-se areal fora os dois rivais. Um entrou pelo Mar dentro, o outro subiu à Serra. Iam pensativos, procurando a melhor maneira de convencer a Sereia.
Ela, por seu lado, instalou-se como se em casa estivesse e esperou.
Chegou primeiro o Pescador.
Trouxe-lhe o Mar e estendeu-o a seus pés, pintando-o verde suave à bordinha, e azul profundo lá ao longe, dizendo:
- Tudo isto é o meu Mar, e é teu, Sereia!
E a Sereia ficou a olhar o mar, deleitando-se com o seu ondular. Subitamente, ouviu o Serrano:
- Sereia, aqui estou: dar-te-ei um trono de pedra lá no alto do mundo. Já pedi ao vento que te embalasse o sono, ao sol que te aquecesse os dias, e às fontes que te refrescassem as horas. Vem comigo e serás a rainha da Serra.
- Chegaste tarde, Serrano! Já me sinto a rainha do Mar - respondeu a Sereia.
Enfurecida por ser rejeitada, a Serra fez rolar enormes rochedos até ao Mar, rodeando a Sereia: se esta não subia à Serra, descia a Serra ao Mar.
O Mar zangou-se, e durante noites e dias, dias e noites, atirou-se contra as rochas, mas não conseguiu desfazê-las.
E assim continuaram até que a Sereia,
não sendo capaz de se decidir, transformou-se numa areia tão fina como não há outra igual, recebendo o tributo eterno dos dois eternos gigantes enamorados, umas vezes rivais, outros inimigos, outras ainda grandes amigos. O lugar tem hoje o nome de Praia da Rocha.

A Sereia

 

 

 

Fernanda Caetano

 


Também exploramos esta bonita lenda do nosso país.

 

Lenda do Milagre da Nazaré


Esta lenda remonta ao ano de 1180, quando D. Sancho I liderava a reconquista do Alentejo e do Algarve e D. Fuas Roupinho, seu cavaleiro, defrontava os mouros em Porto de Mós, fazendo prisioneiros o rei Gamir e a sua filha. Tempos mais tarde, o rei mouro morreu e a jovem princesa inconsolável quis conhecer melhor o Deus dos cristãos e, sobretudo, a Mãe desse Deus. D. Fuas Roupinho levou-a a conhecer a imagem de Nossa Senhora da Nazaré que ele venerava e deixou-a perto da imagem enquanto foi caçar. Montava D. Fuas Roupinho o seu cavalo quando vê passar um vulto negro e estranho. Pensando ser um veado, perseguiu-o e o animal em desafio passa por ele uma e outra vez, o que desperta mais ainda o seu desejo de o apanhar. A perseguição torna-se feroz até que quando está prestes a apanhá-lo o cavalo pára junto a um precipício, mesmo sobre o mar. O cavalo empina-se desesperado e o veado desfaz-se em fumo. D. Fuas Roupinho clama por Nossa Senhora da Nazaré e cavalo e cavaleiro salvam-se, ficando as patas traseiras gravadas no rochedo, marca essa que ainda hoje existe. D. Fuas Roupinho corre para junto da Virgem a agradecer a protecção e promete levar a imagem para o local do milagre. Mais tarde, mandou construir a capela da Nossa Senhora da Nazaré nesse mesmo local que ficou a ser conhecido por Memória, em homenagem ao extraordinário milagre que salvou este herói português.

Veado

Fernanda Caetano

 


Esta é uma lenda que os alunos gostaram de trabalhar. Apesar de ser triste, permitiu-lhes perceber o que significava a frase que sempre ouvem "...isto é como as obras de Santa Engracia."

Coração beijo      Lenda das Obras de

                            Santa Engrácia        


Simão Pires, um cristão novo, cavalgava todos os dias até ao convento de Santa Clara para se encontrar às escondidas com Violante. A jovem tinha sido feita noviça à força por vontade do seu pai fidalgo que não estava de acordo com o seu amor. Um dia, Simão pediu à sua amada para fugir com ele, dando-lhe um dia para decidir. No dia seguinte, Simão foi acordado pelos homens do rei que o vinham prender acusando-o do roubo das relíquias da igreja de Santa Engrácia que ficava perto do convento. Para não prejudicar Violante, Simão não revelou a razão porque tinha sido visto no local. Apesar de invocar a sua inocência foi preso e condenado à morte na fogueira que se realizaria junto da nova igreja de Santa Engrácia, cujas obras já tinham começado. Quando as labaredas envolveram o corpo de Simão, este gritou que era tão certo morrer inocente como as obras nunca mais acabarem. Os anos passaram e a freira Violante foi um dia chamada a assistir aos últimos momentos de um ladrão que tinha pedido a sua presença. Revelou-lhe que tinha sido ele o ladrão das relíquias e sabendo da relação secreta dos jovens, tinha incriminado Simão. Pedia-lhe agora o perdão que Violante lhe concedeu. Entretanto, um facto singular acontecia: as obras da igreja iniciadas à época da execução de Simão pareciam nunca mais ter fim. De tal forma que o povo se habitou a comparar tudo aquilo que não mais acaba às obras de Santa Engrácia.

Homem sem dinheiro

Fernanda Caetano

 


 

Lenda: "A Padeira de Aljubarrota"
Brites de Almeida não foi uma mulher vulgar. Era feia, grande, com os cabelos crespos e muito, muito forte. Não se enquadrava nos típicos padrões femininos e tinha um comportamento masculino, o que se reflectiu nas profissões que teve ao longo da vida. Nasceu em Faro, de família pobre e humilde e em criança preferia mais vagabundear e andar à pancada que ajudar os pais na taberna de donde estes tiravam o sustento diário. Aos vinte anos ficou órfã, vendeu os poucos bens que herdou e meteu-se ao caminho, andando de lugar em lugar e convivendo com todo o tipo de gente. Aprendeu a manejar a espada e o pau com tal mestria que depressa alcançou fama de valente. Apesar da sua temível reputação houve um soldado que, encantado com as suas proezas, a procurou e lhe propôs casamento. Ela, que não estava interessada em perder a sua independência, impôs-lhe a condição de lutarem antes do casamento. Como resultado, o soldado ficou ferido de morte e Brites fugiu de barco para Castela com medo da justiça. Mas o destino quis que o barco fosse capturado por piratas mouros e Brites foi vendida como escrava. Com a ajuda de dois outros escravos portugueses conseguiu fugir para Portugal numa embarcação que, apanhada por uma tempestade, veio dar à praia da Ericeira. Procurada ainda pela justiça, Brites cortou os cabelos, disfarçou-se de homem e tornou-se almocreve. Um dia, cansada daquela vida, aceitou o trabalho de padeira em Aljubarrota e casou-se com um honesto lavrador..., provavelmente tão forte quanto ela.

O dia 14 de Agosto de 1385 amanheceu com os primeiros clamores da batalha de Aljubarrota e Brites não conseguiu resistir ao apelo da sua natureza. Pegou na primeira arma que achou e juntou-se ao exército português que naquele dia derrotou o invasor castelhano. Chegando a casa cansada mas satisfeita, despertou-a um estranho ruído: dentro do forno estavam sete castelhanos escondidos. Brites pegou na sua pá de padeira e matou-os logo ali. Tomada de zelo nacionalista, liderou um grupo de mulheres que perseguiram os fugitivos castelhanos que ainda se escondiam pelas redondezas. Conta a história que Brites acabou os seus dias em paz junto do seu lavrador mas a memória dos seus feitos heróicos ficou para sempre como símbolo da independência de Portugal. A pá foi religiosamente guardada como estandarte de Aljubarrota por muitos séculos, fazendo parte da procissão do 14 de Agosto.

 

Ana Cristina


A lenda de Atlântida  

Desde tempos remotos que se falava da existência de um continente muito extenso no lugar do Oceano Atlântico.

Quem primeiro registou a história por escrito foi um grande filósofo grego que viveu cinco séculos antes do nascimento de Jesus Cristo.

Platão contou que as paisagens da Atlântida eram lindíssimas, o clima suave, os animais fortes, saudáveis e muito mansos. Os atlantes (assim se chamavam os habitantes da Atlântida) tinham criado uma civilização quase perfeita e tão rica que os palácios eram cobertos de ouro, prata e marfim. Tinham ainda um metal mais valioso que o ouro, o oricalco. Com o oricalco, os atlantes fabricavam as mais lindas jóias do mundo.

Tanta beleza e tanta riqueza desagradaram aos deuses. Cheios de inveja, provocaram um tremor de terra tão violento que o continente se afundou numa só noite.

Mas a Atlântida possuía uma espécie de força mágica que não desapareceu por completo. Os cumes das montanhas permaneceram à tona da água e nove ilhas magníficas ficaram à espera que tudo começasse de novo.

Há quem diga que alguns atlantes fugiram a tempo e deixaram descendentes espalhados pelos quatro cantos do mundo. São todos lindos, muito inteligentes e, embora ignorem a sua origem, sentem o desejo inexplicável de lá voltar.

Ana Mª Magalhães e Isabel Alçada Os Açores

Isabel Aço


Lenda da Serra da EstrelaEstrela de Belém

 


 
Era uma vez um pastor que vivia com o seu rebanho numa alta serra do centro de Portugal. Como todos os pastores, fazia da solidão uma amiga. A companhia da natureza e dos animais bastavam-lhe. Há muito tempo que tinha trocado a aldeia pelos altos e grandes prados, onde sempre se tinha sentido melhor. De dia, corria e brincava com os animais e, quando já estava cansado, então via apenas. Observava a vastidão e o colorido de uma paisagem sempre a mudar,
Já lhe conhecia bem as maneiras, os sons e os cheiros. E à noite, recolhido o rebanho ainda lhe sobrava tempo para falar de tudo o que lhe apetecia com a sua grande amiga. Era mesmo grande aquela estrela que se erguia imponente e luminosa bem acima do alto da serra, rodeada por milhares de outras mais pequenas. Era a sua confidente de todas as noites. Ouvia-o sem nunca se aborrecer. E ele voltava sempre à procura daqueles momentos mágicos em que encontrava paz e entusiasmo para recomeçar um novo dia. Certa vez, chegou aos ouvidos do Rei que nas suas terras havia um pastor que falava com as estrelas e logo, por curiosidade ou inveja, o mandou chamar à sua presença, propondo-lhe que trocasse a estrela falante por uma grande riqueza. Afinal de contas, não era qualquer rei que se podia gabar de falar com uma estrela.
O pastor disse-lhe então que não trocaria a sua amiga por riqueza alguma deste mundo. Antes ser pobre e continuar feliz.
Desapontado, mas compreendendo as suas razões, o rei, mandou-o em paz.
Quando chegou à cabana no alto da serra, mal anoiteceu, foi ter com a sua amiga estrela e, dessa vez, foi ela a confessar-lhe os seus receios. Entoando uma doce melodia, disse-lhe que, por momentos, chegou a pensar que ele a tivesse trocado pelo dinheiro do poderoso rei. Foi a vez do pastor a sossegar, dizendo-lhe que a sua amizade era para ele a mais preciosa das coisas e, em alta e profética voz, deu o seu nome àquela que era também a sua serra: Serra da Estrela.
Ainda hoje se diz que na Serra, uma estrela diferente das outras brilha à procura do seu pastor.

 
Fernanda Caetano

 






Notícias

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09-11-2012 23:12
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